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Fui a feira do livro, não é que fui mesmo?
Não gosto nada de multidões, evito-as, mas só tinha duas soluções, não vou e deixo passar esta oportunidade, ou vou. Aqui o Marco encheu o peito de ar e fez-se ao caminho.
Cheguei e vi tanta gente, que confesso que fiquei tonto. Respiro novamente fundo e vou entrando pelo meio daquela gente. Como fiz o trabalho de casa tinha visto todos os livros que queria comprar, e os que poderia quer comprar. Assim sabia onde os encontrar porque sabia a sua localização. Mas fui vendo as bancas e desviando-me das pessoas e vendo os livros, eles são tantos. Vou seguindo, ais que encontro o primeiro livro. Não sei porquê, mas faço sempre isto com todos os livros, abro uma página aleatória e leio-a, se for atractiva ele vai comigo se não fica no sítio onde está. Este veio comigo, já estava mesmo na lista, vou para pagar e uma fila com quatro pessoas, e uma pessoa atender. À minha frente uma senhora com o seu filho. Ela fartava-se de acenar para alguém, e dizia “também se pode pagar aí”, juro que olhei, mas não consegui ver ninguém, não sei para quem ela estava a falar. Atrás de mim uma senhora e a sua filha e o marido que segurava um bebé ao colo. Ela tinha um livro para criança e leu no livro que o livro tinha sido escrito pelo pai para a sua filha e comentou com ela. A fila andou até chegar a minha vez, a senhora que estava a atender perguntou se queria um saco, como não tinha acabei por comprar um, sim sei que deveria andar com um, mas não tenho sitio para o guardar e faz um enchumaço no bolso. De seguida fui em busca de novos livros, fui andado, fui vendo outros livros e lendo outras páginas. Eis que passa um grupo de jovens a rirem-se muito alto, fico sempre com medo que seja de mim, não sei porquê, mas tenho sempre esse medo, tento ignorar e dizer para mim mesmo que não é comigo. Chego ao próximo livro, falo com a senhora que quero aquele e quando vou para pagar ela diz-me que aquela máquina registadora está avariada e pede-me para ir ao outro balcão e assim fui. Boto o livro para o saco e siga viagem que, esta viagem ainda é longa. A cada passo vou ficando mais tonto, acho que é da pressão da multidão, é mesmo muita gente.
Atravesso de lado, para quem não sabe a Feira do Livro de Lisboa é no Parque Eduardo VII, em que dos lados é passeio com bancos de jardim e árvores e no centro é um relvado, tem sempre pessoas sentadas na relva apanhar sol e a desfrutar. Quando digo atravesso para o outro lado é atravessar a relva para o outro lado. Aqui há mais montras de livros e mais confusão. Mas as outras localizações estavam aqui, vou olhado os livros e a numeração das bancas para ver se não passo e tenho de voltar a trás. E ais que encontro uma banca de banda desenhada, fiquei encantado, levava todos, mas não posso. Fui folheando umas bandas desenhadas, mas são tão caras. Não levei nenhuma, é difícil escolher. Porque o ato de escolher já é ter de abdicar de algo, ou perder algo. Sendo assim fica para a próxima, saio de lá a chorar por dentro.
E volto a minha missão encontrar os livros da minha lista e sair dali vivo, porque cada vez estou mais tonto. Vou sempre deitando os olhos a todos os livros para ver se algum me chama atenção. Até que enfim tenho todos os livros, vou para a fila pagar. Fico ali até que chegue a minha vez, até que sou chamado para avançar. E aí vou eu, pago agradeço a senhora que me atendeu. E assim termina esta aventura na feira do livro, tonto e carregado.
Confesso que li alguns blogs, e alguns artigos para tentar perceber quais eram os melhores livros a comprar na Feira do Livro, e reparei numa coisa, que essas listas são apenas opiniões. E não valia apenas ler mais, porque não há uma lista perfeita, o livro que eu queria mesmo comprar nem estava nessas listas. Desisti de procurar a lista perfeita e fiz a minha, com base naquilo que queria ler.
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Sei que a feira do livro já passou, há tanto tempo e só agora escrevo sobre esta aventura. Por vezes as coisas tem que assentar, para conseguir exprimir, tenho o rascunho escrito desde do dia seguinte que fui, não consegui rever e filtrar e corrigir. A final de tudo o que interessa é que ele conseguiu sair do rascunho.