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Merlo

Merlo

Sex | 04.04.25

Cinco minutos…

Marco

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Há dias em que me olho ao espelho e a pergunta bate com força: Serei assim tão insuportável? Tão irrelevante que nem cinco minutos do dia de alguém valham a pena por mim?

Eu sei... sei que não sou a pessoa mais interessante. Talvez por isso ninguém me procure. Ou talvez... talvez eu simplesmente não saiba como ser alguém digno de lembrar.

Aprendi a mandar mensagens e a não esperar resposta. Para não criar ansiedade. Para não sentir aquele aperto no peito sempre que o telemóvel vibra e não é essa pessoa. Digo a mim mesmo que estão ocupados, que a vida deles é complicada, que há coisas mais importantes... Tento acreditar nisso. Porque acreditar noutra coisa... seria pior.

Aprendi a calar a vontade de perguntar "Estás aí?", de cobrar um "Desculpa, não consegui responder". Porque a verdade é dura: quem quer, responde. Quem sente, aparece. E quem gosta... não deixa o outro assim, sozinho no meio do nada.

Começa a doer escrever. Começa a doer querer. Porque quando mandas uma mensagem e ficas a falar com o silêncio, começas a acreditar que és um incómodo. Um fardo. Que, talvez, ninguém tenha mesmo vontade de te ouvir. Que estás a mais.

E depois dizem que gostam de mim. Que se preocupam. Que eu sou importante.

Mas... se sou assim tão importante, porque é que nunca há tempo?

Um dia tem 1.440 minutos. Uma semana tem 10.080. Um mês 43.200. Um ano 525.600… E, ainda assim, ninguém tem 5 minutos para mim?

Não consigo evitar pensar que, se calhar, sou mesmo só um acaso no caminho dos outros. Um erro. Uma distração que se ultrapassa. Algo que se esquece facilmente. Um número na lista de contactos. Uma presença que só se nota quando desaparece.

A verdade? A verdade é que eu acredito que qualquer relação — seja amizade, amor ou apenas companhia — precisa de ir nos dois sentidos. Precisa de reciprocidade. Precisa que ambos queiram. Que ambos cuidem.

É só uma ilusão — uma mentira que repito a mim mesmo para não ter de enfrentar o vazio.

A verdade é que eu não sei nada sobre relações. Talvez nunca tenha sabido.

Só sei que, vezes demais, carrego culpas que não são minhas. Peço desculpa por sentir demais, por me importar. E engulo a minha própria dor só para não perder os poucos que ainda ficam.

Porque são tão poucos… e a ideia de os ver partir também… parte-me a mim.