Relatos de um Marco - Exames parte 1
Já tinha escrito à alguns dias atrás a minha aventura da ida ao médico, claro que depois do médico vem sempre os exames. Exames marcados chega o dia, vou ao hospital. Chego ao hospital e para mim é sempre uma confusão, aqueles corredores todos e portas, mas lá consigo encontrar a sala. Faço o check-in e fico sentado à espera que me chamem. Por ser um sábado não há assim muita gente, só algumas pessoas, se falarmos de números umas 10, tirando que metade são acompanhantes. Confesso que fiquei um pouco assustado porque todos estavam a beber um líquido. Fiquei a pensar que ia ter que beber aquilo também, e pelos comentários tinha um sabor horrível, mas pronto, é o que é, estou ali, é para o que for. Vão chamando as pessoas para dentro, vão chamando as pessoas para lhes entregar o líquido. E a mim nada, continuo sentado aguardar e a minha ansiedade a subir, cada minuto sobe mais um pouco. Não consigo parar de pensar, dá para pensar em tudo, sobre a vida, o porque estou ali sozinho, ou até como elaborar um plano para fugir dali, como aquele dos filmes, esta é a parte mais louca, para tentar desfocar de todos os outros pensamentos menos bons.
Até que me chamam, sinto o coração bater mais forte, até o sinto na boca, e penso que é agora. Levanto-me timidamente e vou ter com a senhora auxiliar. Ela acompanha-me e leva-me para uma sala para despir a roupa e trocar por uma bata. Faço isso, e fico lá dentro a espera que me chamem novamente, só que a luz estava sempre a desligar, é uma daquelas com um sensor de movimento, então tinha que estar sempre a levantar o braço, do tipo “esqueceram-se de mim, eu ainda estou aqui”, para não ficar às escuras. Até que ouço a voz me chamar novamente e manda-me sentar, e ficou a espera porque a enfermeira estava a tratar de outros pacientes.
Chega a minha vez, e ela puxa um banco com uma almofada para apoiar o braço, deve ter um nome, mas infelizmente não sei qual é. E aqui começa a desgraça. Ela explica-me o que vai fazer, que vai espetar uma agulha e colocar um líquido, mas tem de acontecer algo, acho que o sangue tinha que descer. Claro que sinto-me nervoso, não é algo que goste, nem o sítio é agradável.
Aí ela começa o procedimento, espeta agulha e pergunta se doí, que pergunta estúpida, claro que doí, acabou de me espetar uma agulha no braço em direcção a veia. Mas claro não sou nenhuma criança e é suportável, e fiquei quieto. Ela vai falando, que tenho que estar mais tranquilo e blah blah blah, porque se não desce. E com isto tudo com ela a segura-me o braço, e não gosto que me toquem, ainda fico mais desconfortável. Bom claro que não deu, ela tem que voltar a espetar outra agulha, no mesmo braço e volta tudo ao início. Volta a magoar-me, e o mesmo procedimento e sem sucesso. E eu a ficar ainda mais nervoso e desconfortável com tudo isto e já com o braço todo picado (eu aqui a dramatizar foram só dois furos). E aí passamos para o outro braço, sinto triste, porque não sei se é aselhice dela, ou sou eu mesmo que nem para isso sirvo. Volta a repetir o procedimento e mais uma picadela, aquilo doí, nestas situações olho sempre para o lado e não vejo espetar agulha, depois de lá estar é tranquilo, mas espetar faz-me impressão. Ficamos uns minutos em suspense, ela estava sempre a falar, eu sem saber o que dizer, eu só queria era mesmo fugir dali. Agora sim, funcionou e ela fez o que tinha de fazer. Depois fui chamado e fiz o exame, foi a parte mais fácil, só tinha mesmo que estar deitado, a olhar para o teto, se demorasse mais um pouco dormia. Naquela adrenalina toda esqueci-me de perguntar se estava tudo bem, pergunto sempre, mas esqueci-me. Volto para o corredor a enfermeira pergunta-me se consigo trocar de roupa sem arrancar aquilo tudo, respondi que sim só tinha mesmo que vestir um pólo. Fui trocar-me, apanhei as minhas coisas e voltei e fiquei à espera. Confesso que aquele momento, bateu uma tristeza dentro de mim, que tive que controlar para as lágrimas não caírem e tentei manter a postura e esperei, ela veio, arrancou aquilo tudo. Perguntou se estava bem, perguntou se tinha alguém a minha espera lá fora, fiquei triste naquele momento e nem consegui responder, apenas acenei com a cabeça que não (neste momento pensei que já vou arranjar problemas) mas ela disse que podia ir. Sai com 3 pensos enormes nos braços, e fui para o carro, fico sempre ali uns minutos a digerir aquilo tudo, também para acalmar.
E assim termina, e também me despeço, um beijo e um queijo, até para apróxima.