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Merlo

Merlo

Qui | 16.02.23

Se me chamasse "Ricardo" estava tudo bem ...

Marco

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Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada ‘spera
Tudo que vem é grato.

Ricardo Reis

Estava á espera para entrar, e ouço Ricardo, como estava a escrever no telemóvel, tudo o que sentia, por estar ali e quanto aquilo me deixava triste, isso ajuda a que o tempo de espera pareça menos e também ajuda a não fugir dali. Nem me apercebi que era para mim, estava em piloto automático, mas com tanta insistência olhei. Claro que era para mim, mas eu não me chamo Ricardo. Foi aí que a pessoa se tocou e viu que não era o Ricardo, que era apenas o Marco, deve ter sido uma grande desilusão para ela, por não ser o Ricardo.

Esta situação deixou-me ainda mais triste, e magoou, como magoa sempre, mais uma vez era o Ricardo (já conto). Se já me sentia mal, ainda fiquei pior e perdi a pouca vontade de entrar, porque aquele lugar já não era o meu, mas sim o do Ricardo. Não sei onde andava o Ricardo, mas claramente que lhe estava a roubar o seu lugar.  Senti que já não estava a fazer nada ali… e estava muito envergonhado por estar a ocupar o lugar de outra pessoa. Se ouvi um pedido de desculpas? Não… se era preciso…, se ficava bem? Sim, visto que este incidente não era a primeira vez.

Mas sempre que ali vou sinto um estranho, com algumas recordações, ainda me senti mais, claramente que tudo colapsou e fiquei sem saber o que dizer.

Porquê mais uma vez Ricardo, porque não era a primeira vez, que o meu nome era trocado pelo Ricardo, pelo menos uma das vezes senti que o fez de propósito, não sei porquê de o fazer, nem nunca irei saber se houve razão de o fazer, ou se foi só impressão minha. Nesse dia que senti isso, senti que ali já não era o meu lugar, despedi-me dela, porque senti que possivelmente iria a deixar de a ver, e os próximos abraços passaram a ser sempre os últimos, porque sei que vai haver um dia vai terminar. Na verdade, tudo termina. Um dia ela disse que eu era importante para ela, não consigo entender como posso ser importante para alguém muito mais naquelas circunstâncias, mas com esta troca toda de nomes sei que o Ricardo deve ser mesmo muito importante. De repente ela deixou de dizer, as coisas mudam, e hoje sei que estamos muito mais distantes. Se em tempo ela era mesmo muito importante para mim, e acreditem era mesmo, hoje já não sinto isso. Estaria a ser ingrato se achasse que era importante para ela, se não consigo sentir ela é importante para mim de momento, não posso esperar isso de outros.

Mas sei que pouco importo, porque sou o Marco. Às vezes penso se alguém troca o nome de alguém pelo meu “Marco”, gosto de pensar que sim, era sinal que estavam a pensar em mim e sou importante para ela, até lhe consigo roubar os seus pensamentos. Mas lá no fundo sei que não, porque sou apenas o Marco.  

Talvez um dia consiga roubar os pensamentos de alguém, espero que esse dia já não seja tarde de mais.

Situação meio triste para mim, sou assim… sou o Marco. Falando do desenho, o lápis hoje escolhido, é o amarelo “Giallo, Yellow” é uma das minhas cores preferidas, acho que dá para reparar pelas tonalidades do blog. Para quem não acredita, pode ler as minhas participações em outros blogs e ela foi sempre descrita por mim. Na realização deste desenho, tive imensa dificuldade por causa da cor, os meus olhos meio que ficam a latejar, porque como é tudo amarelo não há contraste. O que poderia pintar com amarelo? Pensei eu … Sol? … não me parece… escolhi um pintainho, porque quando são pequeninos são amarelos, a pequena minhoca veio depois, sou eu, hahaha no sítio descrito em cima.

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E assim me despeço, um beijo e um queijo e até a próxima.

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